Economia
18/09/2025Manutenção da Selic a 15% é decisão difícil, mas necessária, do Banco Central
Inflação dos serviços ainda ameaça e, em paralelo, País permanece sem uma âncora fiscal sólida que projete preços mais estabilizados a longo prazo

Ainda que a inflação esteja desacelerando — ficou em 5,13% no acumulado até agosto — e que a atividade econômica dê sinais cada vez mais claros de enfraquecimento — o IBC-Br, prévia do PIB, de agosto, caiu 0,50% —, Comitê de Política Monetária (COPOM) manteve, acertadamente, a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, em 15% ao ano (a.a.).
Isso porque a conjuntura do País está longe de ser tranquila.
Primeiro porque a inflação dos serviços segue bem acima dos patamares saudáveis, como o grupo de alimentação fora do domicílio que, no escopo de medição do IBGE, permanece na casa dos 6% no acumulado dos 12 meses.
Isso significa que a demanda permanece alta mesmo com a política monetária mais firme.
Além disso, há o fator fiscal: o governo apresentou uma proposta de orçamento para 2026 (LOA) com uma elevação significativa da arrecadação pública, mas não mostrou nada que aponte para uma contenção dos seus gastos. Era tudo o que o mercado esperava para ajustar suas expectativas de inflação mais baixas ainda em 2025 ou no ano que vem.
No último Boletim Focus, do Bacen, a estimativa era de um IPCA na casa de 4,8% em dezembro – acima do teto da meta estipulada.
Em terceiro lugar, a atividade econômica aponta para uma desaceleração moderada, que demanda cautela. Se o comitê afrouxa os juros agora, depois terá um custo maior caso precise elevá-los novamente no futuro.
Na avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), embora juros altos sejam prejudiciais às atividades empresariais, o COPOM só poderá reduzir a Selic com uma âncora fiscal mais sólida. A escolha da instituição foi difícil, mas necessária.