Economia
09/11/2018Escola pública brasileira ainda é excludente, dizem especialistas em debate do UM BRASIL
Alunos se afastam das escolas ao se depararem com avaliações com um viés punitivo e um ambiente que não leva em consideração suas dificuldades e necessidades individuais

Desafio da escola contemporânea é entender o contexto e as necessidades de cada aluno, e combinar isso com o aprendizado
(Foto: Christian Parente)
O processo de avaliação usado de forma punitiva e excludente nas escolas brasileiras poderia ser mais bem explorado em benefício do aluno. Essa quantificação de conhecimento reflete na aprendizagem dos estudantes, segundo análise feita por especialistas no debate promovido pelo UM BRASIL em parceria com a Livraria Cultura e a revista Problemas Brasileiros.
“Quando olhamos a avaliação como medição de conhecimento em vez de um processo de reflexão, começamos a promover a exclusão e a repetência, por entender que a progressão escolar está atrelada a uma verificação de quantidade de conhecimento”, afirma o diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular e de Gestão da Educação Básica da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, professor Herbert Gomes da Silva.
Veja também:
Sistema educacional precisa preparar os jovens para as profissões do futuro, diz Charles Fadel
Fazer reforma educacional é um propósito moral, afirma Michael Barber
“À medida que se universalizou o acesso à educação, prestamos pouca atenção em qualidade”, observa Eduardo Mufarej
A declaração foi feita a Sabine Righetti, no encontro que também contou com as participações da CEO do Ensina Brasil, braço brasileiro do programa norte-americano Teach for All, Erica Butow, e do autor do livro País mal educado, Daniel Barros.
Na visão dos debatedores, o sistema educacional deixou o modelo de exclusão aplicado nos primeiros anos do ensino como a prova de acesso ao ginásio (atuais ensinos fundamental II) e passou por mudanças, principalmente na década de 1990, com a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que universalizou a educação.
Hoje em dia, a evasão ocorre no percurso da escola. Hoje, os alunos se afastam das escolas ao se depararem com um ambiente que não leva em consideração suas dificuldades e necessidades, como questões de amadurecimento, passagem da adolescência, e sociais. “É o caso de muitos alunos rotulados como preguiçosos”, afirma Erica. Ela dá como exemplo um aluno da rede pública que dormia nas aulas e, ao investigar, descobriu-se que ele não conseguia ficar acordado porque trabalhava de madrugada.
Erica destaca que o desafio da escola contemporânea é entender o contexto e as necessidades de cada aluno, e conseguir combinar isso com o papel principal de aprendizado. “O aluno deve ver sentido no que ele esta aprendendo. Esse é um dos principais motivos da evasão escolar”, afirma.
Barros diz que outro aspecto importante para o progresso da educação está em trabalhar as competências socioemocionais. “A discussão sobre essas habilidades precisam fazer parte do dia a dia nas escolas. Não deveria ter uma disciplina específica. Um professor pode ensinar persistência e resiliência em uma aula de Matemática”, conclui.
Confira abaixo a entrevista completa:
Ao mencionar esta notícia, por favor referencie a mesma através desse link:
www.fecomercio.com.br/um-brasil/materias/escola-publica-brasileira-ainda-e-excludente-dizem-especialistas-em-debate-do-um-brasil
Notícias relacionadas
-
Economia Digital
IA aplicada à logística beneficia o e-commerce; veja como
Automação e roteirização inteligente reduzem custos, melhoram a experiência e abrem novas oportunidades
-
Economia Digital
Cerco às Big Techs: decisão do STF impõe novo regime de moderação da internet
MercadoConfiança do empresário do Comércio sobe em julho, mas queda anual aponta reflexo negativo da política econômica
MercadoPreocupações econômicas retraem consumo das famílias paulistanas
Recomendadas para você
-
Economia Digital
Inovação a partir de quem usa
“É do usuário que novas indústrias surgem”, afirma Eric von Hippel, pesquisador no MIT
-
Internacional
Excesso de processos burocráticos traz prejuízos às empresas e ao País
Economia defende que agilizar a burocracia não é uma questão só de processos
-
Economia Digital
Regulação pode conter os perigos ds plataformas digitais e da IA
Para conter riscos e ameaças trazidas, jornalista defende a “regulação democrática”
-
Economia Digital
Evolução dos meios de pagamento exige diversificação
Dinheiro e cartões seguem importantes para o varejo, que deve priorizar combinação eficiente dos métodos