Sindicatos
28/04/2025Comitê de Relacionamento das Assessorias Econômicas e Especiais recomenda monitorar índices de confiança
Confiança em queda exige planejamento cauteloso do empresário, aponta FecomercioSP; gestão de estoques é fundamental para manter as finanças da empresa equilibradas

Para analisar os índices de confiança empresarial e suas repercussões no planejamento do varejo, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) promoveu, em 10 de abril, a reunião do Comitê de Relacionamento das Assessorias Econômicas e Especiais (CRAE). O encontro foi conduzido por Jorge Sanches, gerente do Sindicato do Comércio Atacadista, Importador e Exportador de Produtos Químicos e Petroquímicos no Estado de São Paulo (Sincoquim).
O CRAE é um dos comitês especializados do (I)Nova, programa criado pela FecomercioSP para a modernização e o fortalecimento do trabalho de representação empresarial dos sindicatos filiados. O órgão produz e disponibiliza análises, atualizações, projetos e estudos para embasar o posicionamento sindical, além de orientar as empresas sobre assuntos como agenda ESG, energia, Inteligência Artificial, cibersegurança, entre outros.
Durante a reunião, Diego Galli Alberto, economista e coordenador do Centro de Pesquisas do Varejo do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp), apresentou o estudo “A queda recente dos índices de confiança dos empresários e seus impactos”, com base no levantamento mensal do Sindicato.
Índice de confiança aponta tendências do mercado
O índice de confiança é uma ferramenta importante para antecipar tendências, orientar estratégias e embasar políticas públicas. Também contribui para atrair investidores, ao indicar os momentos e setores mais propícios para aportes.
A pesquisa do Sincovarp avalia, mês a mês, a percepção dos empresários de Ribeirão Preto sobre o futuro dos negócios no curto (três meses) e no longo prazo (12 meses). Em 2023, o índice registrou crescimento médio de 0,72%, refletindo uma recuperação lenta do setor. Já em 2024, o crescimento acumulado foi de 6,54%, mas, nos últimos meses, o indicador vem mostrando uma tendência de queda.
Esse comportamento também aparece no Índice de Confiança Empresarial (ICE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), que caiu 0,3 ponto em fevereiro — quarta queda consecutiva —, atingindo o menor nível desde maio de 2024. Segundo a FGV, os dados refletem o enfraquecimento do ambiente de negócios, especialmente nos setores do Comércio e dos Serviços.
Efeitos da queda no nível de confiança
A redução da confiança empresarial afeta diretamente a dinâmica econômica. Empresários cautelosos tendem a adiar investimentos, projetos de expansão e processos de inovação. Também evitam novas contratações ou até reduzem os quadros de funcionários. Com menos investimentos e empregos, a economia desacelera. O consumidor, por sua vez, restringe gastos, priorizando itens essenciais. Esse comportamento afeta diretamente o varejo e os serviços.
A queda na confiança também gera instabilidade no mercado financeiro. O ambiente de incerteza compromete o crédito e os investimentos, aumenta a volatilidade e dificulta o planejamento de longo prazo.
Perspectivas para 2025
As projeções para este ano indicam novas adversidades. A instabilidade econômica, a inflação persistente e os juros elevados continuam preocupando. Caso a inflação seja controlada, o Banco Central pode começar a reduzir a Selic, estimulando consumo e investimentos. Nesse contexto, o ICE se torna uma referência para decisões planejadas, reforçando a necessidade de monitoramento contínuo.
Cesta básica de Araraquara
Outro tema tratado na reunião foi a inflação de alimentos, com base na Pesquisa de Cesta Básica em Araraquara. Os gastos com alimentação comprometem uma grande parcela do orçamento, por isso, a atual pressão de preços tem levado famílias a reorganizarem os gastos, priorizando itens básicos e deixando de lado bens duráveis, como móveis, veículos e materiais de construção — setores sensíveis aos juros altos, de acordo com dados apresentados por Bruno Henrique Camacho e Maria Clara Kirsh, ambos do Núcleo de Economia do Sincomercio Araraquara.
Com base em levantamentos mensais de preços em supermercados da cidade, a pesquisa apontou aceleração inflacionária a partir de setembro de 2024. Em fevereiro deste ano, houve leve queda em alguns itens, mas produtos como café, carne, queijo e óleo de soja seguem entre os que mais encareceram.
Essa situação dificulta a manutenção do padrão de consumo, afetando o desempenho do varejo. A combinação de inflação elevada e queda na confiança cria um cenário delicado: está caro tanto para consumir quanto para investir. A volatilidade do dólar, o aumento dos custos de insumos agrícolas e a dependência de fertilizantes importados pressionam ainda mais os preços no mercado interno.
Diante das incertezas, acompanhar continuamente os índices de confiança empresarial e o comportamento do consumidor é essencial para o planejamento do Comércio. A FecomercioSP reforça a importância de utilizar esses indicadores para embasar decisões mais sólidas e programadas.