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Negócios

Golpes digitais desafiam segurança no setor de Turismo

Conselho da FecomercioSP discute efeitos das fraudes online e cobra mais agilidade das plataformas para proteger empresas e consumidores

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Golpes digitais desafiam segurança no setor de Turismo
O Turismo se tornou um dos principais alvos dos golpistas, em decorrência da popularização de pacotes online, reservas diretas e uso intenso de redes sociais (Arte: TUTU)

O crescimento das fraudes digitais contra empresas e consumidores dá um sinal de alerta ao Turismo nacional. Perfis falsos em redes sociais, sites clonados e anúncios fraudulentos prejudicam desde pequenas pousadas até grandes plataformas de venda, comprometendo não apenas as receitas, como também a confiança nas marcas.

Para debater o tema e propor caminhos, o Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) reuniu, em junho, especialistas e representantes da Federação. O convidado principal foi o professor David Nemer, pesquisador na Universidade da Virgínia e especialista em tecnologia e plataformas digitais. Na sua apresentação, ele citou a relação direta entre o crescimento das fraudes e a estrutura das próprias redes sociais.

“As plataformas se tornaram intermediárias centrais entre consumidor e empresa. Só que, ao mesmo tempo que ganham dinheiro com anúncios — inclusive os fraudulentos —, se eximem de qualquer responsabilidade quando o conteúdo é criminoso”, afirmou Nemer. Segundo ele, a negligência das grandes empresas de tecnologia é alimentada pela ausência de regulação adequada e pela dificuldade de rastrear os golpistas, muitas vezes vinculados a quadrilhas internacionais.

O pesquisador também chamou a atenção para a facilidade com que os criminosos replicam imagens e dados legítimos. “As ferramentas das redes sociais permitem criar anúncios altamente convincentes em poucos minutos. A Inteligência Artificial usada para validar conteúdo ainda é falha e acaba sendo usada contra os próprios usuários”, alertou.

Responsabilidade das plataformas

Boa parte do problema, segundo Nemer, está no entendimento jurídico atual, que sofreu, na semana passada, uma importante mudança com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Por 8 votos a 3, a instância máxima do Poder Judiciário considerou parcialmente inconstitucional o Art. 19 do Marco Civil da Internet, ampliando a responsabilidade das plataformas por conteúdos ilícitos — principalmente em casos de anúncios pagos, impulsionamentos, discurso de ódio, pornografia infantil e atos antidemocráticos —, mesmo sem ordem judicial prévia.

Nemer acredita que essa mudança no entendimento reforça a necessidade de responsabilidade proativa. “É muito diferente quando um usuário posta algo de forma espontânea e quando uma empresa paga para anunciar um serviço falso. As plataformas estão ganhando com isso. Estas precisam ser responsabilizadas”, argumentou. Ele citou, ainda, dados indicando que 70 % dos anúncios nos sites da Meta são fraudulentos ou de baixa qualidade.

O especialista também lembrou que o setor de Turismo se tornou um dos principais alvos dos golpistas, em decorrência da popularização de pacotes online, reservas diretas e uso intenso de redes sociais. “Os golpes vão além da perda financeira. Há roubo de dados pessoais, como CPF e contas bancárias, que depois são usados em outros crimes”, observou.

Atuação da FecomercioSP

Na ocasião, Kelly Carvalho, assessora da FecomercioSP, apresentou os dados mais recentes a respeito do impacto dos crimes cibernéticos para o Brasil. Segundo ela, essas fraudes já representam cerca de 18% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com forte reflexo sobre os pequenos negócios — muitos destes parte da cadeia turística.

“O crime cibernético deixou de ser um problema econômico. Hoje, é uma questão de segurança pública e de soberania nacional”, afirmou. Kelly ressaltou ainda que 60% das pequenas empresas encerram as atividades em até seis meses após sofrerem um ataque digital.

A Federação tem atuado de forma contínua em Brasília, apresentando propostas ao Congresso e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Também participou da criação da Frente Parlamentar de Apoio à Cibersegurança, momento em que entregou um decálogo com dez premissas para uma regulação equilibrada e eficaz — como a criação de uma entidade nacional de coordenação, incentivos para a capacitação de empresas e uma rede de resposta a incidentes.

“A autorregulação das plataformas não tem sido suficiente. É preciso criar uma estrutura normativa clara, com regras proporcionais ao porte dos negócios e que não penalize quem está tentando atuar de forma legítima”, defendeu.

O presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Guilherme Dietze, enfatizou a importância da mobilização empresarial diante do avanço das fraudes. “Os prejuízos não se restringem ao golpe em si. Há também a perda de reputação, a desconfiança do consumidor e a sensação de impunidade. Precisamos nos organizar para pressionar por respostas e defender os interesses do setor”, declarou, reforçando a urgência em adaptar práticas no ambiente digital.

Histórico contra cibercrimes 

A FecomercioSP atua na pauta da segurança digital desde 2009, quando passou a organizar o Congresso de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção, realizado por sete edições. Também acompanha o debate legislativo em torno do Marco Civil da Internet e da regulação das plataformas digitais. Recentemente, entregou propostas à Frente Parlamentar de Cibersegurança e mantém atualizados diversos materiais educativos, como e‑books e guias práticos voltados para a prevenção de fraudes no Comércio, nos Serviços e no Turismo.

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