Economia
08/04/2025Microempresas e MEIs aquecem importações da Ásia, com crescimento de 160% em cinco anos
Marketplaces internacionais facilitam acesso a produtos da região

Apesar da desvalorização do real frente ao dólar, que encarece operações internacionais, as Microempresas (MEs) e os Microempreendedores Individuais (MEIs) bateram recordes nas importações em 2024. Segundo os dados do relatório Exportação e Importação por Porte Fiscal das Empresas, divulgado recentemente pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as compras desses empreendedores oriundas da Ásia cresceram 159,5% em cinco anos, saltando de US$ 400,3 milhões, em 2019, para R$ 1,04 bilhão, no ano passado.
O fenômeno é incentivado pelo comércio eletrônico mundial, com destaque para plataformas como o Alibaba, que simplificaram a busca por fornecedores e reduziram barreiras burocráticas. De acordo com a análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), antes vista como complexa, a importação, hoje, está ao alcance de pequenos negócios, que ampliam o portfólio com competitividade.
Expansão das empresas importadoras
Em 2024, o Brasil registrou 55.877 empresas importadoras, alta de 9,2% em relação a 2023. Desse total, as MEs e os MEIs foram os grandes destaques, com crescimento de 16,5%, somando 14.285 empresas. Pequenas empresas também avançaram (11,1%), enquanto médias e grandes tiveram aumento moderado (5,1%).
Para a Federação, o salto reflete a digitalização e iniciativas de desburocratização. Os marketplaces viraram aliados, permitindo que pequenos negócios acessem insumos e produtos inovadores a custos menores.
Exportações: microempresas perdem fôlego
Pela óptica das exportações, o País atingiu um recorde de 28.847 empresas em 2024 (alta de 1,1%). No entanto, considerando o total de 22,4 milhões de negócios ativos no Brasil, o número de exportadores ainda é muito baixo.
As MEs e os MEIs recuaram 1,8% no ano, mas vale destacar a base forte de comparação, com crescimento acelerado no período de pandemia. Entre 2019 e 2021, o número de exportadoras desse porte cresceu 35,6%, 19% e 23,8% nos comparativos anuais, respectivamente. Assim, participação de MEs e MEIs sobre o total de empresas exportadoras saltou de uma média de 30,6%, entre 2008 e 2018, para 39,6%, em 2024.Um dos benefícios da internacionalização é diversificar riscos e se proteger de eventuais crises domésticas — e, nesse sentido, é interessante notar como esses negócios se fortalecem em crises, como em 2015–2016 (altas de 15,4% e 21,8%) e durante a pandemia (expansões de 35,6%, em 2019, e de 19%, em 2020).
Entraves e possibilidades
A abertura comercial é uma das principais bandeiras da FecomercioSP, por ser o caminho para reduzir o Custo Brasil, propiciar mais produtividade e competitividade e permitir acesso a recursos mais baratos e de melhor qualidade e conteúdo tecnológico, beneficiando empresas e consumidores.
Embora o número de empresas exportadoras tenha crescido e atingido o maior patamar da série histórica, a verdade é que a participação nacional na corrente do Comércio internacional ainda é muito baixa. Segundo a Entidade, o Brasil é um país fechado e está fora das cadeias globais de valor. Esse contexto — somado a outros fatores como burocracia, falta de mão de obra qualificada, gargalos logísticos, entre outros — dificulta a internacionalização de empresas brasileiras, principalmente as de menor porte.
Por outro lado, observando as importações, o aumento da participação das MEs e dos MEIs é uma boa notícia, já que isso significa ampliação do portfólio de produtos, trazendo novidades (e, muitas vezes, com condições comerciais melhores) aos clientes. Além da tecnologia pela utilização dos marketplaces, as iniciativas de desburocratização de processos de importação também contribuíram para esse processo.